A
Inocência era a candura em pessoa. Tinha uma aura delicada que refletia toda a
sua simpatia, o que fazia com que a Inveja se aproximasse dela sempre com más
intenções. Ao perceber a presença da Inveja, a Inocência se sentia
desconfortável, mas não sabia o porquê dessa sensação que ela não conseguia
decifrar. Distribuía sorrisos por onde
quer que passasse ,mas percebia sempre um olhar carregado de alguma coisa que ela
não sabia definir. A Percepção estava sempre por perto e presenciou muitas
vezes olhares cheios de malícia direcionados à Inocência. Pensou em avisar a
amiga, mas tinha medo da sua reação. A Inocência não via maldade em nada. Por
sua vez, a Inveja se aproximava da Inocência e tentava disfarçar todo o fel que
sentia, por não poder se comparar a tão bela criatura. Dizia alguns gracejos,
mas todos eles destituídos de sentimento. Tão azedos que ela própria se sentia
a mais amarga das criaturas. Queria ferir a Inocência no mais profundo do seu
ser e ficava horas por perto, na tentativa de descobrir algum defeito naquele
ser tão cheio de qualidades. A Percepção resolveu então dar um basta naquela
situação. Chamou a Inveja a um canto e lhe disse que tomasse cuidado com o fel
que destilava, senão ela própria acabaria se afogando no próprio veneno. A
Inveja fez algumas insinuações, na tentativa de se defender, dizendo que a
Inocência não era tão inocente como queria parecer. Ao que a Percepção
respondeu: e você não é tão inteligente quanto deseja aparentar. Finges ser uma
coisa que não és, com a intenção de desvirtuar tudo aquilo que não consegues
ser. Tens uma mente tão pequena que nem uma semente pode ali germinar. Ao ouvir
essas afirmações que a definiam tão bem, a Inveja se recolheu a sua
insignificância e não mais perturbou a Inocência.
Débora
Benvenuti
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