A Mãe de Papelão



Quando minha filha se formou em jornalismo, ao lado da mesa de cada formando estava um display com a foto deles, em tamanho natural. Eu fiz questão de levar para casa o display da minha filha. Coloquei a foto no quarto dela em um canto e ali ficou por muito tempo. Um dia precisei trocar um vidro da janela do quarto dela e chamei um vidraceiro. Ele entrou no quarto tão distraído, que cumprimentou a imagem em pé no quarto. Como não obteve resposta, resolveu olhar melhor e viu que era apenas uma fotografia em tamanho natural. Eu ria tanto, que não conseguia mais parar. E a foto ficou lá. Meu neto nasceu e eu e minha filha pensamos em colocar a foto ao lado do berço do bebê, para ele pensar que a mãe estava por perto. No início, a foto não surtiu o efeito esperado. O bebê nem ligava. Então decidimos deixar a foto de lado. Ele cresceu, já está com nove meses e começou  reconhecer a imagem dele no espelho. Então minha filha resolveu mostrar o display para ele. Para nossa surpresa, ele começou a chorar muito. Olhava para a mãe dele e depois para a foto e chorava. Acredito que ele não tenha entendido qual das duas era a mãe dele. Cada vez que ele olha para a foto, ele chora. Des cobrimos que mesmo agora, com quase dois anos,ele ainda tem medo da mãe de papelão. Quando está fazendo muita arte, basta perguntar para ele se ele quer que a gente chame a mãe de papelão e ele diz - Não,não,não,não. E se comporta como o bom menino que é.




Débora Benvenuti

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