Lá do alto do penhasco, a Imaginação observou a paisagem
maravilhosa que se descortinava ante seus olhos. Fechou os olhos com força, e
os abriu novamente, com medo de estar sonhando. Aquilo não era um sonho, nem
mesmo um pesadelo. Era algo que ela própria não sabia como identificar. Havia
muito tempo que estivera nesse mesmo lugar e tudo parecia tão diferente agora.
O que havia acontecido com ela? Onde estava a coragem que sempre tivera e que a
impelia a voar cada vez mais alto? Se estava lá no alto do penhasco, era porque
sabia como chegar até lá, mas naquele momento, o que ela mais queria era ter
asas para voar. Se lançar no infinito dos seus sonhos e ir aos lugares que ela
sempre imaginou que poderia estar. Era um mundo totalmente diferente que ela
observava agora. Algo dentro dela adormecera. Nada mais sentia. As horas e os
dias deixaram de ter importância e e ela tinha muito medo do desconhecido. Mas
o desconhecido sempre existira, talvez ela nunca tivesse percebido. Esses
pensamentos não a deixavam um instante qualquer. Ela precisava descobrir o que
tanto a inquietava. Será que era o Tempo que a esquecera naquele lugar? Se ela
não se importava mais com o Tempo, talvez fosse isso mesmo que estava
acontecendo. O Tempo nunca mais passara por ali e a deixara sem nenhuma
explicação. Queria falar com o Tempo, saber coisas que ela ainda não entendera,
mas nem mesmo ela sabia o que queria perguntar. Precisava dar um mergulho para
dentro de si mesma e tentar se encontrar. Quando isso acontecesse, muitas coisa
poderiam ser esclarecidas. E foi o que fez. Deitou-se na relva muito fofa que
havia ali perto e ficou ouvindo o suave som de um riacho. Foi fechando os olhos
lentamente e adormeceu. Quando acordou, percebeu que o Tempo por ali passara,
mas ela não pode vê-lo, porque adormecera profundamente...
Débora Benvenuti
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