A Saudade andava se sentindo muito só. Por onde passava,
ia deixando pegadas tão profundas, quanto o peso que carregava em sua
alma. Cansada do fardo que carregava, sentou-se à sombra de uma
árvore, espreguiçou-se como pôde, aspirou o suave perfume das flores naquele
belo dia de primavera, deitou-se na relva macia e sentiu-se
adormecer profundamente. O Amor ia passando por ali naquele momento e
encontrou a Saudade, num sono tão inocente, que resolveu sentar-se ao seu lado e ficou a
observá-la. Sentiu-a tão triste ali sozinha, naquele sono tão displicente, que
sentiu um enorme carinho pela Saudade. Tocou-lhe a face com suavidade e sussurrou-lhe ao seu ouvido palavras tão ternas, como nunca antes a Saudade havia ouvido. Ela então sentiu
a presença do Amor ao seu lado, abriu os olhos de mansinho e percebeu como era
lindo o Amor, quanta delicadeza havia naquele olhar e que ternura emanava
do seu coração. Uma lágrima escorreu pela face da Saudade e o Amor então se
aproximou e tocou suavemente com os lábios aquela lágrima que a Saudade
deixara escorrer. Foi um momento sublime, de rara beleza. O Amor então estendeu
a mão, para que a Saudade pudesse se levantar. Abraçou-a docemente, recolheu o
fardo que a Saudade carregava e os dois partiram abraçados pela estrada,
sentindo que estariam sempre juntos, por onde quer que andassem, por toda a
Eternidade...
Débora Benvenuti
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